"No próprio dia da batalha, as verdades podem ser pinçadas em toda a sua nudez, perguntando apenas;
porém, na manhã seguinte, elas já terão começado a trajar seus uniformes."

(Sir Ian Hamilton)



segunda-feira, 26 de março de 2012

PERSONAGENS DA HISTÓRIA MILITAR – MARECHAL JOÃO JOSÉ DA CUNHA FIDIÉ




* Fins do século XVIII

+ 1856


João José da Cunha Fidié assentou praça como cadete no Exército Português, em Janeiro de 1809, no Regimento de Infantaria nº 10. Participou da Guerra Peninsular, tomando parte nas batalhas do Buçaco, Albuera, Vitória, Pirinéus, Nivelle, Nive, Orthez e Tolouse, assim como nos sítios de Olivença e Badajoz.

Ofereceu-se para embarcar na Divisão dos Voluntários de El-Rei que seguiu para Montevideu, na então Província Cisplatina, no Brasil, mas não foi admitido por ser tenente ainda moderno. Em 1817 embarcou para o Brasil uma Divisão Portuguesa e, como o seu regimento não havia sido nomeado para essa expedição, trocou com um oficial do Regimento de Infantaria nº 15, conseguindo assim partir para a América do Sul, onde serviu entre 1817 e 1818. Em seguida, serviu como ajudante de ordens do governador da ilha da Madeira, em 1819 e 1820.

A 9 de dezembro de 1821 foi nomeado como Governador das Armas da Província do Piauí. Em junho de 1822, com seus oficiais, partiu de Lisboa na charrua Gentil Americana, comandada pelo capitão-de-fragata Joaquim Manuel Mendes, chegando ao Piauí no dia 8 de agosto de 1822 e tomando posse no dia seguinte.

Em 13 de novembro de 1822, às 10h00min horas, o major João José da Cunha Fidié, Governador das Armas, com tropas de 1ª e 2ª Linha e o Batalhão de Infantaria da guarnição da capital partiu de Oeiras em marcha acelerada para sufocar o movimento de Independência proclamado na Vila São João da Parnaíba. No dia 18 de dezembro de 1822 entrou com sua tropa na Vila São João da Parnaíba, encontrando as ruas desertas tendo em vista que o povo se trancara em suas casas e ninguém ousou em sair para recebê-lo. Arrastando a artilharia e demais apetrechos de guerra percorreu as ruas desertas e mandou a tropa ficar perfilada em formação no Largo da Matriz com frente à Casa da Câmara para onde logo se dirigiu e dela exigiu a imediata renovação do juramente de fidelidade a D. João VI.

Tomando conhecimento da adesão de Oeiras ao movimento brasileiro e a proclamação em Campo Maior por Leonardo de Carvalho Castelo Branco, resolveu o major Fidié deixar a Vila São João da Parnaíba no dia 1º de março de 1823 e marchar sobre a capital piauiense. Antes de sair expulsou todo o povo da vila enquanto os marinheiros do brigue Infante D. Miguel saqueavam as alfaias e dinheiro das igrejas, as jóias, o cofre dos Órfãos e os livros do Senado da Câmara.

No dia 13 de março de 1823 o major João José da Cunha Fidié enfrentou as tropas brasileiras às margens do riacho Jenipapo, de onde saiu vitorioso. Atendendo a pedido do Senado da Câmara de Caxias, entra nessa vila a 17 de abril de 1823. De lá poderia refazer sua força militar e marchar sobre Oeiras. Em Caxias enfrenta tropas brasileiras, saindo-se novamente vitorioso, e lá permaneceu, fortificando-se no Monte Tabocas aguardando auxílio da capital maranhense e de Portugal.

Batalha do Jenipapo, da qual Fidié saiu-se vitorioso

Cercada novamente Caxias por tropas brasileiras, a população decide pela capitulação depois de uma reunião com o Senado da Câmara. Desgostoso com essa atitude Fidié demitiu-se do cargo e passou o comando ao tenente-coronel Luís Manoel de Mesquita. No dia 1º de agosto de 1823 o major João José da Cunha Fidié rendeu-se. Preso foi enviado oito meses depois entre uma escolta para Oeiras, sendo depois transferido para a Bahia e de lá passando ao Rio de Janeiro onde ficou encarcerado encarcerado na Fortaleza de São Francisco Xavier da Ilha de Villegagnon até que o Imperador Pedro I lhe concedeu a liberdade, permitindo que regressasse a Portugal.

Em 1825 foi nomeado primeiro comandante do Real Colégio Militar e, por vezes, durante a ausência do diretor, ficou encarregado da direção daquele estabelecimento até que, saindo de Lisboa, e apresentando-se no Porto ao duque de Bragança, foi por ele nomeado subdiretor do arsenal daquela cidade.

Regressando depois a Lisboa, foi diretor efetivo do Real Colégio Militar, cargo que exerceu de 1837 a 1848, ano em que obteve a sua exoneração. Reformou-se em 1854 no posto de tenente-general e faleceu dois anos mais tarde.

 
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4 comentários:

  1. Prezado Professor.
    Consta que, após o insucesso das forças brasileiras na Batalha do Genipapo, foi organizada uma expedição no Ceará, sob a liderança de Pereira Filgueiras e Tristão Gonçalves, que marchou sobre Fidié no Piauí e no Maranhão onde Lord Cochrane, por mar, sitiaria os portugueses. Mas, segundo historiadores cearenses, as forças de Fidié já estavam dominadas pelas de Pereira Filgueiras e Tristão Gonçalves, no Maranhão, e Lord Cochrane apenas "colheu os louros".
    O Senhor confirma? Sabe algo mais sobre esse fato (ou lenda)?
    Agradeço sua atenção

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  2. Meu bisavô João José da Cunha santos é de origem Portuguesa e teve um irmão que se chamava Luminato Cunha santos.
    O meu avô se chamava Teodósio José dos Santos e era Filho do João José da Cunha santos com a escrava Maria Joaquina e tiveram outros filhos como Álvaro dos Santos, Leopoldo dos Santos e outros.
    Eu gostaria de comunicar com alguém da família em Portugal e conhecer mais minhas origens.

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  3. Meu bisavô João José da Cunha santos é de origem Portuguesa e teve um irmão que se chamava Luminato Cunha santos.
    O meu avô se chamava Teodósio José dos Santos e era Filho do João José da Cunha santos com a escrava Maria Joaquina e tiveram outros filhos como Álvaro dos Santos, Leopoldo dos Santos e outros.
    Eu gostaria de comunicar com alguém da família em Portugal e conhecer mais minhas origens.

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  4. O meu pai descendentes de Higino Cícero da Cunha, fundador da Academia Piauiense de Letras,e que era descendente de João José da Cunha Fidié. A família se espalhou muito: do Maranhão para Piauí, Rio de Janeiro, Brasília.

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