"No próprio dia da batalha, as verdades podem ser pinçadas em toda a sua nudez, perguntando apenas;
porém, na manhã seguinte, elas já terão começado a trajar seus uniformes."

(Sir Ian Hamilton)



sexta-feira, 17 de setembro de 2010

A BATALHA DE SALAMINA (480 a.C.) DECIDE O DESTINO DA EUROPA

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Por Matthias von Hellfeld









No século V a.C. o estrategista militar ateniense Temístocles (cerca 525 a.C–459 a.C.) era a figura política dominante. Já em 490 a.C., ele dera início à construção de uma muralha em torno de Atenas e do porto de Pireus. Ao mesmo tempo, ampliou a esquadra de guerra, armando-se para revidar ataques persas.

Há anos que os reis persas pretendiam ganhar terreno na Europa. Em 490 a.C., a primeira tentativa fracassou na cidade de Maratona. Embora superiores, as tropas de invasão persas foram vencidas pela bem preparada infantaria grega, retirando-se em seguida.


Avanço persa

Mas os persas não se deram por vencidos e armaram a maior força de combate da Antiguidade. Para um transporte mais rápido das tropas, o rei Xerxes I (519 a.C.–465 a.C.) construiu um canal através da península de Atos, uma ponte sobre o Helesponto (hoje, Estreito de Dardanelos) e outra sobre o rio Estrímon.

Tamanhos esforços por parte de Xerxes I não passaram despercebidos pelos gregos. Os investimentos e a dimensão do contingente persa deixavam claro que o rei tinha em mente uma guerra de conquista, primeiramente contra a Grécia e então contra o Sudeste Europeu – para qualquer outro objetivo, o tamanho de seu Exército estaria superdimensionado.

Ao consultar o oráculo de Delfos, Temístocles escutara a profecia: "Protejam-se com uma muralha de madeira", ou seja, os gregos deveriam procurar o combate naval e proteger-se atrás do muro de madeira que representava sua esquadra. Após alguma resistência na Eclésia, a assembleia pública da democracia ateniense, foi aprovada a construção de novos navios de guerra.

Um pouco mais tarde, em 480 a.C, ficou demonstrado quão certo Temístocles estava em seu prognóstico de que a tropa persa seria invencível num campo de batalha. No desfiladeiro das Termópilas, um contingente grego não pôde conter o avanço persa por mais do que alguns dias, sendo então forçado a bater em retirada.



Xerxes I marchou sobre Atenas, depredando-a sem encontrar resistência, pois os atenienses aptos ao combate haviam se retirado para a frota de guerra. A visão da cidade devastada deu aos gregos a certeza de que essa era sua última chance: uma derrota no combate naval significaria o fim da Grécia livre.

Para combater os persas, a frota grega se posicionou no estreito braço de mar a oeste da ilha de Salamina. Após doze horas de batalha, os gregos saíram vencedores. Provavelmente, o fato de os navios gregos serem menores e mais facilmente manobráveis foi decisivo para derrotar a esquadra de Xerxes I. Com a vitória grega foi sustada a ameaça de escravidão na Pérsia, como também o avanço persa na Europa.


Europa contra Ásia

A resistência grega contra os persas representou um marco da história europeia. No caso de uma derrota, não haveria mais barreiras para as tropas persas. Elas teriam ampliado o império persa para a Europa continental.

Nesse caso, tanto a cultura grega quanto o império romano teriam sido soterrados. A partir da Antiguidade greco-romana nasceu a Europa moderna. Caso os persas tivessem vencido a Batalha de Salamina, em outubro de 480 a.C., ela possivelmente se chamaria hoje "Ásia Ocidental" – com população de maioria muçulmana.

Heródoto (490 a.C.–425 a.C.), um dos principais historiadores da Grécia Antiga, deu um suporte ideológico à guerra contra os persas. Para ele, tratou-se de uma "guerra de sistemas". De um lado, estava a Europa da "liberdade e democracia" – afinal de contas foi fundada nessa época a democracia ática, considerada até hoje o berço da Europa democrática. No lado persa-asiático, Heródoto localizou o "despotismo", o sistema da tirania. Dessa forma, o historiador grego dividiu o mundo até então conhecido num par de opostos: Ásia contra Europa e "liberdade contra servidão".

 
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